Governança ou Agilidade: um dilema estratégico atual
- Andre Felippa
- 21 de mai.
- 2 min de leitura

Algumas empresas quebram. Outras estagnam. E muitas crescem de forma desordenada e insustentável.
No centro dessas trajetórias indesejadas, há uma tensão estratégica inevitável: como equilibrar estruturas sólidas de governança com a necessidade de agilidade organizacional.
Agilidade, aqui, não é só velocidade de execução. É, sobretudo, a capacidade de adaptação eficaz: de ajustar rotas com leveza, inteligência, consistência e coerência estratégica, mesmo diante da mudança constante.
Durante anos, vimos várias “modas” surgirem, em torno desse dilema. Organizações horizontais, squads com autonomia radical, sociocracias e DAOs. Depois, a retomada de processos, controles, SOPs e RACIs. Em ambos os ciclos, o equívoco de tratar agilidade e governança como forças opostas e excludentes.
Pesquisas mostram que organizações que pendem demais para qualquer dos extremos — seja excesso de liberdade ou rigidez centralizadora — acabam comprometendo sua capacidade de sustentar crescimento.
A solução não está em encontrar um ponto fixo de equilíbrio. Está em entender que o equilíbrio é dinâmico e, na prática, isso significa buscar o ajuste frequente entre autonomia e controle, à medida que os desafios, os contextos e os ciclos competitivos da empresa evoluem.
Esse equilíbrio precisa ser lido com lupa. Área por área. Time por time. A calibragem depende da natureza da atividade, dos riscos envolvidos, da exigência de inovação e do retorno potencial.
Product, marketing e growth podem operar com mais autonomia. Jurídico, finanças e controladoria exigem maior previsibilidade e processos. Estratégia precisa de ambos, alternando entre construção e controle. O ponto ideal nunca será o mesmo para toda a empresa, nem por muito tempo.
Nos últimos anos, empresas eficazes vêm buscando modelos híbridos e situacionais. Não por modismo, mas por maturidade. Algumas iniciativas práticas que vêm ganhando força:
🔹 Estruturas com fronteiras mais porosas entre áreas, permitindo que times se reconfigurem com agilidade conforme as demandas estratégicas.
🔹 Cargos menos engessados e mais orientados a papéis, permitindo maior mobilidade de talentos e accountability distribuído.
🔹 Planos de carreira mais amplos e transversais, incentivando fertilização cruzada e ampliação de competências nos líderes em formação.
🔹 Criação de squads temporários ou células autônomas com ciclos definidos e objetivos claros, operando como zonas de experimentação controlada.
🔹 Ajuste frequente das alçadas decisórias, revendo quem decide o quê conforme a maturidade da equipe e o risco do tema.
🔹 Estruturação de “níveis de autonomia” por time ou área, com base em critérios objetivos e metas previamente negociadas.
🔹 Revisões trimestrais ou semestrais da arquitetura organizacional, avaliando se o desenho atual ainda serve à estratégia vigente.
Nesse cenário, a inteligência artificial entra como um poderoso aliado, permitindo simulações rápidas, testes controlados de cenários e modelos operacionais, análises preditivas e ajustes quase em tempo real.
Com IA, líderes conseguem testar combinações distintas de agilidade e governança antes de escalar, reduzindo riscos e aumentando a capacidade de decisão baseada em dados.
Mas nenhuma tecnologia resolve o dilema por si só. O que realmente faz diferença é a qualidade da liderança, sua capacidade de leitura contextual e seu repertório para tomar decisões estruturais com maturidade.
Se esse desafio ressoa contigo, uma mentoria executiva pode ser um espaço eficaz para repensar modelos, ampliar perspectivas, examinar alternativas e elevar a consistência das decisões estratégicas. Entre em contato para conversarmos!