De executivo a empreendedor: o que eu aprendi (até agora)
- Andre Felippa
- 17 de jun.
- 3 min de leitura

Empreender se parece um pouco com aprender um novo idioma. No começo, você entende palavras soltas, arrisca algumas frases, comete erros engraçados.
E aos poucos vai se sentindo mais confortável e passa a se comunicar com mais naturalidade. O importante é continuar praticando.
Quando eu saí do mundo corporativo para abrir meu próprio negócio de mentoria executiva, imaginei que seria relativamente simples. Achei que meus conhecimentos e meu amplo network seriam suficientes. E que eu teria mais liberdade, menos reuniões, tomaria decisões mais rápidas.
Tudo isso é verdade. Mas o que eu não esperava era o quanto essa transição seria… divertida! Sim, divertida. E desafiadora também, é claro. Mas com uma energia diferente. Um tipo de satisfação que só vai entender quem já acordou empolgado e entrou logo no “flow” de colocar suas ideias em prática, sem precisar de aprovação de ninguém.
A virada de chave
No mundo executivo, você lidera times diversos, gerencia orçamentos, é cobrado continuamente por resultados. No empreendedorismo, você faz tudo isso, e ainda resolve o problema do laptop que parou de funcionar no meio de uma proposta comercial, ou refaz aquela nota fiscal que não foi emitida corretamente. É o tal “arregaçar as mangas e colocar a mão na massa”, sem mimimi.
Mas sabe o que é curioso? Para quem curte, esse lado multitarefa do empreendedorismo tem um gosto especial: a sensação de realização ampliada e acelerada, diariamente.
No meio do turbilhão de tarefas e oportunidades, uma coisa que me ajudou muito foi a disciplina com minha própria agenda. A liberdade de tempo é real, mas sem um mínimo de organização, ela pode virar um convite à dispersão. Ter rituais simples de planejamento e priorização tem sido fundamental para manter o foco e também a felicidade.
Outro aprendizado importante: a gestão financeira. Separar o cash flow pessoal do fluxo financeiro do negócio é importante. E me deu margem para tomar decisões com mais consciência, evitando aquela “ansiedade imediatista” que pode levar a escolhas precipitadas.
E claro: o ritmo de aprendizado é um capítulo à parte. Errou? Corrige rápido e registra o aprendizado. Deu certo? Escala logo. Tudo com agilidade e com espaço para testar rotas diferentes em paralelo. Não existe mais aquela espera interminável por um “go” de algum comitê ou de quatro hierarquias burocráticas de aprovação. A decisão é sua. E a responsabilidade também.
Uma nova forma de construir conexões
Outra lição inesperada foi sobre networking. Imaginei que as inúmeras conexões que construí por décadas no mundo corporativo seriam suficientes para esta nova fase. E elas ajudaram, sem dúvida.
Mas logo percebi que o universo empreendedor exige outras conexões, novos interlocutores, novas pontes. Estar aberto a conhecer pessoas de diferentes segmentos, perfis e trajetórias foi – e continua sendo – um dos fatores que mais aceleraram meu crescimento. Algumas das minhas melhores parcerias surgiram justamente de fora do meu círculo de conhecidos anteriores.
Os encontros virtuais ou de café viram oportunidades, as conversas informais se transformam em parcerias sólidas. A troca de ideias, que antes era apenas networking, agora pode abrir portas concretas. O único que surpreende sempre é o timing: às vezes mais rápido que o imaginado, mas muitas vezes ocorre meses ou anos depois.
Claro, sinto falta da estrutura do mundo corporativo, de vez em quando. Mas a autonomia e a possibilidade de desenhar o seu próprio modelo de trabalho compensam muito.
Energia emocional e propósito
Outro cuidado essencial: a gestão da própria energia emocional. Empreender tem picos e vales. Aprendi que criar pausas intencionais e pequenos rituais de bem-estar no dia a dia faz toda a diferença para manter a clareza mental e a motivação.
Se tem algo que aprendi nessa jornada é o valor de celebrar e compartilhar cada avanço, por menor que pareça. De rir dos tropeços. De lembrar diariamente que é possível se divertir ao longo do caminho.
E, principalmente, de manter o seu propósito sempre em vista. Naqueles dias em que tudo parece desandar, busco revisitar meu “porquê” e, em seguida, focar em uma pequena ação que me coloque de volta na trilha.
Se você considera dar esse passo do mundo corporativo ao empreendedorismo, meu conselho é simples: não espere pelo momento perfeito. Ele não existe. O que existe é a vontade de perseguir seu propósito, testar, errar, aprender e ajustar o rumo ao longo do caminho. E com um pouco de planejamento e apoio, as chances de sucesso aumentam muito.
Se este artigo te provocou a tirar uma ideia antiga do papel, ou acelerar de vez sua transição para o empreendedorismo, me escreva. Às vezes, uma boa troca de experiências é o empurrãozinho que faltava.