Liderança “always beta”
- Andre Felippa
- 15 de jul.
- 2 min de leitura

O avanço da IA está expondo algo interessante: os líderes, em boa parte das empresas, não sabem mais tão claramente o que fazer.
E isso tem forçado um novo modelo de liderança: menos “executivo sênior”, mais mentalidade “always beta”. Líderes que se atualizam em tempo real, testam hipóteses, corrigem rotas e transformam aprendizados em novas soluções.
Não é falta de capacidade. É que as mudanças estão rápidas demais, e os caminhos cada vez mais incertos. Modelos inteiros de negócio, que funcionaram por décadas, estão sendo desafiados. E o que mais assusta não é o que vemos hoje no nosso radar. São os cenários de tudo o que ainda está por vir.
Num contexto em que a tecnologia evolui em semanas, e seu impacto nos negócios é profundo, a resposta não está em saber mais. Está em aprender melhor e mais rápido. Isso requer intenção, dedicação real, e bem mais humildade.
Ao introduzir disrupções em processos, estratégias e organizações, a IA está impondo uma nova exigência à liderança: aceitar que é preciso planejar e operar mesmo sem clareza total, sem garantias.
Testar rápido, com base nas melhores hipóteses e cenários, ajustar e escalar com velocidade. E, ainda assim, estar aberto a reaprender, mesmo depois de ter acertado, diante da volatilidade do mundo atual.
O problema é que pouca gente foi treinada para isso. Durante anos, a liderança foi educada para dar respostas firmes, projetar segurança e evitar o erro. E, pior ainda, a liderança não é incentivada ou recompensada por aprender com erros úteis.
Mais do que nunca, os executivos precisam criar espaços de segurança psicológica para aprender em ciclos curtos, compartilhar incertezas com os times e desapegar-se de narrativas de sucesso ultrapassadas. É essa plasticidade que definirá quem vai ter sucesso na próxima década.
Mas não é preciso ir ao extremo. Não é sobre virar especialista em IA. É sobre reconhecer que, desde a chegada da IA, quase tudo passou a funcionar em “modo beta”: os processos, os papéis, os produtos, as parcerias, os mercados. Liderar nesse contexto não é ter razão: é saber ajustar a rota com frequência e sem perder a legitimidade.
Isso tem implicações profundas na cultura organizacional. Empresas orientadas a comando e controle estão sendo tensionadas por formas mais ágeis e fluidas de operar, onde a autoridade técnica se desloca em tempo real e a hierarquia precisa conviver com o contraditório. Quanto mais os líderes se permitem aprender com o time, e não apenas conduzi-lo, mais rápido a empresa se adapta.
Em tempos assim, o líder mais preparado não é o que mais sabe hoje. É o que se atualiza e experimenta sempre, trabalhando em conjunto e cocriando com sua equipe.
Se você está vivendo esse desafio na prática, e precisa repensar a forma como sua liderança se desenvolve, acredito que minha mentoria possa ser útil. Entre em contato se quiser conversar a respeito.